Soneto n° 13
Paraísos Artificiais
A vida passava leve,
Assim como descia o espumante batido com morango.
Não era champanhe, nem uma taça, mas a doçura justificava.
Sentado com a coberta sobre os pés.
Os livros haviam se tornado peças decorativas,
Tal qual a televisão, nada além de um quadro negro empoeirado.
A tela escura com pontos brancos, mimese do céu estrelado.
As lágrimas escorriam, uma de cada vez, sem choro ou careta.
Talvez fosse o fim do outono, o teor alcoólico, saudosismo ou ilusão.
Sinceridade e artificialidade de mãos dadas, noite à tarde.
"Amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas ao amor"
Já me dispus a acreditar em deuses que soubessem dançar.
Mas a leveza não está nos movimentos circulares da bailarina.
Ela apenas é treinada para parecer flutuar.
Deuses amam.
E fazem preguiça.
Entre a cama e as estrelas.
Entre o futuro e o passado.
Amam preguiçosamente.
Granularidade
Na memória, o tempo é granular.